* Eduardo de Almeida

Tenho por hábito e por dever de
profissão cercar-me de pessoas que pretendem aprender algo com a minha
presença, e nessas conversas muitas vezes em sala de aula, quando sou
perguntado sobre a atual situação ambiental do Brasil e do Mundo, sempre respondo
que estamos vivendo a fase de ouro do meio ambiente, e isso sempre causa
espanto e surpresa num primeiro momento para quem escuta minha resposta, mas
logo entendem minha posição, afinal complemento minha opinião pelo fato que nas
últimas quatro décadas nunca o meio ambiente ocupou tanto destaque como nesse
período, foram Conferências Mundiais, surgimento de órgãos fiscalizadores, criação
e aperfeiçoamento de Leis ambientais, a discussão do tema foi para as salas de
aula, para as empresas e para os governos. Nunca se cuidou e melhorou as
condições ambientais do Planeta como atualmente, só no Brasil a criação do
IBAMA em 1989, o Estudo de Impacto Ambiental e seu relatório conhecido como
EIA/RIMA na resolução do CONAMA nº 001/86, o Licenciamento Ambiental na
resolução do CONAMA nº 237/97 a Política
Nacional do Meio Ambiente em 1981 , Política Nacional de Educação Ambiental em
1999 a Lei dos Crimes Ambientais em 1998 , Política Nacional dos Resíduos
Sólidos em 2010 ,saliento também a nossa Constituição Federal de 1988, no seu
artigo 225. E citarei como marco a Conferência da ONU de 1972 e suas outras
como a Rio 92 e suas posteriores. Vivemos o tal Desenvolvimento Sustentável
aperfeiçoado dia-a-dia, pessoas e empresas estão cada vez mais conscientes de
sua responsabilidade ambiental, hoje as tecnologias são feitas para não poluir,
consequentemente verificamos menos poluição do ar, das águas e do solo, afinal
hoje se fiscaliza e claro se exige instalações de equipamentos para tratamento
de efluentes, de controle de emissões atmosféricas, atualmente as cidades
investem cada vez mais em saneamento básico, se busca cada vez mais na ciência
as soluções para questões ambientais e com base nisso até os combustíveis hoje
em dia, tem seus impactos minimizados ou até eliminados, e assim verificamos
que a sustentabilidade tão discutida já está acontecendo.
Nessas minhas conversas defendo
sempre a ideia da ECOEFICÁCIA, em diminuição da ecoeficiência, sempre explico
que a relação entre eficácia e eficiência é muito intensa. Normalmente
processos eficientes (eficiência) levam aos resultados desejados (eficácia), mas
podemos fazer certo as coisas erradas ou vice e versa, o que que representaria muitas
vezes eficiência mas não eficácia ou vice e versa. Um bom exemplo é um time de
futebol, um que utiliza os melhores métodos – eficiência dentro de campo
(dribles, passes precisos, etc.)- pode começar e terminar uma partida sem ter
feito gol, isto mostrou um grupo eficiente, mas não foi eficaz (já que não fez
o gol!). Outro time, por exemplo, pode ter baixo nível técnico e terminar uma
partida ganhando de 3x0 de seu adversário, já nesse caso o time foi ineficiente
(técnica pobre), mas atingiu seu objetivo e por isso foi eficaz. Uma ótima dica
de leitura que recomendo é o livro “Do
berço ao berço” dos autores Mcdonough e Braungart, a ideia do berço ao berço
começa onde a ecoeficiência acaba, isto é, conforme os autores, é apenas fazer
um sistema ruim ficar um pouco menos ruim. As ideias-chave do livro é que em
vez de projetar produtos para minimizar os impactos negativos (como faz a
ecoeficiência), deveríamos projetá-los para ter impactos positivos
(ecoefetividade), que eu denomino de ecoeficácia, outra grande ideia do livro e
que precisamos projetar com o futuro em mente, em vez de ficarmos presos a
mediocridade do passado.
Para fundamentar minha posição
que estamos vivendo os melhores dias do Desenvolvimento Sustentável , uso as
ideias-chave propostas por Lomborg no livro “O ambientalista cético”, que muitas
reclamações atuais sobre a situação mundial são excessivamente pessimista, e
tem por base dados sobre o ambiente analisadas e apresentadas de forma
distorcidas ou enganosas, também cito o pessimismo predominante tende minar a
confiança em nossa capacidade de solucionar os problemas que nos afetam
diretamente. Para finalizar minha colocação, como diria Raul Seixas: “ E para
aquele que provar que eu tô mentindo eu tiro o meu chapéu”.
* Biólogo, Professor e Palestrante.